30 novembro, 2005

 

71. Assembleia geral da A.R.C.F.









A Associação Recreativa e Cultural dos Forcalhos vai reunir a sua Assembleia Geral no próximo dia 3 de Dezembro, pelas 15 horas, na sede da Associação, nos Forcalhos. A Direcção vai apresentar o Plano de Actividades bem como o Orçamento para o próximo ano de 2006. Como habitualmente haverá momentos para tratar de informações e assuntos de interesse geral.

CHGJ

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70. Antes e depois – As eiras

Antigamente o centeio era uma das bases de sustento das famílias na região dos Forcalhos.
Vê-se nestas fotografias, que seguem, como, depois das ceifas, se juntavam os molhos em “rolheiros”, como se carregavam em carros com estadulhos próprios e como se juntavam em medas nas eiras. Seguiam-se as malhas com mangual e mais tarde com máquinas malhadeiras.
Actualmente as eiras já nada têm a ver com malhas, nem desempenham as tarefas de outrora sendo o seu nome somente designação do local. No entanto outras funções foram acrescentadas. Num dos extremos foram colocadas balizas (vandalizadas ainda há pouco tempo, notícia que demos conta no post n.º 62) para a prática do futebol. Noutro extremo construiu-se a ordenha, também esta em declínio, e num recanto um nicho com imagem de Nossa Senhora. Ainda de referir que nas festas de Agosto, durante a capeia, transforma-se num autentico parque de estacionamento, tão congestionado como numa qualquer grande cidade.



- Depois das ceifas juntavam os molhos em “rolheiros”. Ambas as fotos de 1983.












- Fotos com mais "rolheiros" juntos. As fotos também datam de 1983.














- Carro de bois com estadulhos próprios para a recolha dos molhos juntos em "rolheiros". Foto sem data.











- Recolha dos "rolheiros". Embora o normal era ser efectuado num carro de vacas, nestas fotos é feita por um carro de burros, já no declínio desta prática ancestral. Fotos sem data.


























- As eiras antes e o depois. Foto do lado esquerdo, com data de indeterminada, podemos observar as médas. Na foto da direita, com data de Novembro de 2005, temos em primeiro plano o nicho seguido da ordenha.























- O mesmo local mais em pormenor. Também com data indeterminada a foto da esquerda deixa vislumbrar a parte superior do chafariz das eiras junto ao poste de iluminação. Na foto da direita, com data de Novembro de 2005, esse chafariz encontra-se por de trás da placa indicativa do Sabugal, e muito alterado. Ao fundo, as máquinas que trabalham no saneamento e as balizas vandalizadas.






















- As eiras vistas da rua do cemitério. Em primeiro plano são lameiros e só para lá dos muros as eiras. Interessante verificar como antes estavam isoladas e agora as casas já a rodeiam. A única casa visível na foto da esquerda (sem data) mantém-se na foto da direita (com data de Novembro de 2005) embora alterada, foi-lhe acrescentado um portão e um anexo.




- Vista também tirada da rua do cemitério. Temos em segundo plano as eiras repletas de carros. Foto tirada em Agosto de 1999 aquando do encerro.



























- Década de 1950.
Na foto da esquerda observamos o malhar de forma manual, com mangual. Conseguimos identificar o Leonel, à esquerda, e a Clara da tia Inês, a Maria do ti David, duas filhas do ti Orlindo de quem era a malha e o Carlos com um ancinho, à direita.
Na foto do Centro, à esquerda, o Carlos e o Leonel.
Na foto da direita já é através da máquina que surge por de trás das pessoas. Identificamos o Carlos com um nagalho na mão, a Rosa da tia Inês e o ti Zé Pespega no centro em segundo plano.

CHGJ / OJ

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28 novembro, 2005

 

69. Jornal n.º 45 "Noticias dos Forcalhos" concluído

Está pronto o número 45 do nosso jornal “Notícias dos Forcalhos”. A montagem ficou concluída hoje. Segue agora para a fotocopiadora de forma a chegar aos leitores neste próximo mês de Dezembro.
Aludindo a esta quadra natalícia, inicia-se o jornal com uma ilustração sob o tema da “Anunciação” e desta forma se apresentam votos de boas festas. Depois marcam presença as notícias da vida associativa.


















Surgem alguns artigos com assuntos controversos, já abordados neste blog, como o da extinção de freguesias, o da origem do nome dos Forcalhos, a definição de raia e as dúvidas sobre a adjectivação de arraiana que se dá às nossas capeias.
Também problemático e sensível é o assunto do artigo sobre as delimitações da nossa freguesia, as quais têm surgido de forma deficitária em alguns mapas e que a seu tempo também esperamos abordar neste blog.
Para além de polémicas, há outras notícias versando os mais variados temas como a imigração, as vivências, as obras, a constituição da nova Junta de Freguesia, ...
A finalizar mais um cartoon de Sérgio Vieira sobre o artigo publicado “A Câmara de Vilar Maior e os pássaros” e umas quadras do nosso conterrâneo Porfírio Teixeira, poeta popular que, não sabendo ler nem escrever, consegue fazer versos interessantes que outros reduziram a escrito, como aconteceu com o conhecido e célebre poeta António Aleixo.

OJ

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26 novembro, 2005

 

68. Curiosidades construtivas - Portais e Portaleiras

Antes de mais uma definição.




- Portaleira. Foto de Dezembro de 1984.








As portaleiras consistiam (e ainda consistem) numa abertura, relativamente estreita, na vedação de um prédio rústico, para entrarem e saírem, por aí, animais e pessoas. A vedação, especialmente no caso dos lameiros, abrangia todo o perímetro e constava de muros de pedra solta. Os lameiros destinavam-se unicamente a pastagem de vacas, burros e cavalos.
Outros tipos de prédios rústicos (Nabais, terras centeeiras…) podiam ser total ou apenas parcialmente vedados, designadamente com muros junto dos caminhos para os animais não entrarem e danificarem as colheitas. Noutros casos, principalmente em terras centeeiras mais afastadas, não havia vedações.




- Portal. Foto de Dezembro de 1984.








Os portais eram mais largos para dar entrada e saída a carros de vacas e vacas junguidas.
Pode ver-se o que se escreveu no NF nº 10, de Julho de 1988, nº 15 de Janeiro de 1991 e nº 42 de Agosto de 2004. Mas agora vamos ser sintéticos uma vez que as fotografias são elucidativas.
A abertura das portaleiras era delimitada por pedras grandes, em U ou em V.
Tapavam-se com:

- Pedra miúda;




- Portaleira tapada com pedra miúda no caminho de Aldeia Velha num dos lameiros contrários às eiras. Foto de Abril de 1984.








- Espinheiros;


- Portaleiras tapadas com espinheiros.
(da esquerda para a direita)
1- Foto de Abril de 1984.
2- Caminho de Albergaria a seguir ao povo, lado esquerdo . Foto de Dezembro de 1984.







- Com um sistema misto, de pedra miúda por baixo e espinheiros por cima;




- Portaleira tapada num sistema misto de pedra miúda e espinheiros. Foto de Abril de 1984.








- Com cancelas.



- Portaleiras tapadas com cancelas.
(da esquerda para a direita)
1- Lameiro no caminho para a Aldeia Velha, depois da ponte. Foto de Abril de 1984.
2- Foto de Abril de 1984 também na estrada da Aldeia Velha.






O sistema mais simples e cómodo seria o de cancelas que aqui há uns 60 anos era pouco utilizado. A pedra miúda era abundante e não custavam nada. Para as cancelas, além da madeira, eram precisos pregos que custavam dinheiro que era pouco. Assim, o sistema mais utilizado era o da pedra miúda, melhorado, por vezes, com espinheiros.
Os espinheiros tinham o inconveniente de se deteriorarem facilmente com o uso. Duravam pouco.
Algumas vezes portais e portaleiras coexistiam, autonomamente, lado a lado.













- Portaleiras junto de portais.
(da esquerda para a direita)
1- A letra "A" corresponde à portaleira e a letra"B" ao portal, ambos tapados com espinheiros. Foto de Dezembro de 1984. No caminho de Albergaria, a seguir ao povo no lado esquerdo.
2- A grande pedra central separa a portaleira, mais estreita e no lado esquerdo, do portal, mais largo e no lado direito. Foto de Dezembro de 1984.
3- No lado direito de imagem observamos a portaleira tapada com tábuas. Imediatamente a seguir, para o lado esquerdo e separado pelo bloco granítico, o portal tapado com pedra miúda. Foto de Dezembro de 1984. Lameiro às Sarzedas.



Outras vezes, a portaleira ficava dentro do portal e era desfeita e refeita quando necessário entrar e sair com o carro das vacas.



- Portaleira incorporada no portal. A portaleira é delimitada pelas pedras que formam o "V". O portal começa na enorme pedra horizontal, na esquerda da foto, e termina na grande pedra vertical, na direita da foto, englobando a portaleira defenida pelo dito "V". Foto de Dezembro de 1984.







Acontecia isso, por exemplo, quando era preciso entrar com o carro para tirar o feno dos lameiros. Abria-se, então o portal, desfazendo-se a portaleira nele integrada. Saído o feno, voltava a tapar-se o portal, recompondo-se a portaleira nele integrada.
Em algumas terras centeeiras, mormente nas mais afastadas e onde pouco se ia, bastava um portal, não havendo aí portaleira.













- Cancelas de madeira.
(da esquerda para a direita)
1- Foto de Abril de 1984. No caminho de Aldeia Velha entra as eiras e a ponte.
2- Foto de Dezembro de 1984. No caminho de Albergaria, do ti Chico Requeto.
3- Foto de Dezembro de 1984. Nas Sarzedas.


Esta distinção e a utilização de pedra miúda, como muita outra coisa, tem evoluído. Para a vedação está a ser usado o arame farpado e, consequentemente, também esse arame começou a tapar entradas e saídas dos terrenos.










- Cancelas feitas de arame farpado.
(da esquerda para a direita)
1- Foto de Novembro de 2003.
2- Foto de Novembro de 2003.
3- Foto de Agosto de 1991. Estrada do Fornito.














- Cancelas metálicas.
(da esquerda para a direita)
1- Foto de Dezembro de 1984. Nas Sarzedas.
2- Foto de Dezembro de 1984. As primeiras cancelas de ferro foram colocadas, nos Forcalhos, pelo Sargento Peres, antes de meados do século passado, sendo esta uma delas.
3- Foto de Dezembro de 1984. Sortes do Beto.


CHGJ

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17 novembro, 2005

 

67. Pormenores da arquitectura rural - Barreleiros

In illo tempore não havia fossas nem rede de saneamento.
A loiça existente era pouca e cabia na chamada cantareira.
Mesmo nas famílias numerosas não era necessária muita louça pois nos Forcalhos como, de resto, na região, na hora das refeições colocava-se numa pequena mesa, na cozinha, uma caçoila, caçoilo, barranhão ou travessa, com comida e todos, ao redor, comiam daí, com garfo ou colher, conforme o caso.
Havia regras: Todos deviam tirar a comida da parte que lhe ficava mais próxima.
Isto explica que no fim das refeições havia pouca louça para lavar.
Pois em algumas casas, para lavar a loiça, havia um lugar próprio chamado barreleiro, num espaço específico aberto na grossa parede de granito ou numa janela (lembremo-nos que as janelas implicavam uma reentrância na parede com pedras grandes e delgadas na parte inferior.










- Parte exterior de um barreleiro de uma casa no largo da fonte, perto da capela de S. Brás. Este aproveitando o espaço obtido com a janela. (Da esquerda para a direita - Na foto 1 observamos, dentro do círculo, a "bica" por onde escoavam as águas sujas para o exterior, com data de Agosto de 1991; foto 2 a seta branca aponta a dita "bica" e as azuis o caminho dessas águas, com data de Agosto de 2005; foto 3 pormenor, também de Agosto de 2005)


Com esses espaços próprios abertos na parede, sem ser janela, ainda resta uma casa na rua da igreja mas com a parte inferior do barreleiro já irreconhecível por estar tapada com cimento.










- Casa da rua da Igreja onde se verifica a pedra saliente, indicadas nas fotos pela circunferência, do exterior de um barreleiro, este embutido na parede. Fotos de 1992.


O barreleiro prolongava-se para o exterior através de uma pedra saliente da parede com o rego para conduzir as águas sujas para fora. Já só existem três ou quatro exemplares destas pedras.










- (Da esquerda para a direita) Foto 1 - Pormenor exterior da mesma casa das fotos acima, com data de 1992. Foto 2 - Pormenor interior do mesmo barreleiro, sendo que a parte inferior foi coberta com cimento. Tirada em Agosto de 2005.

CHGJ

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14 novembro, 2005

 

66. Chegou a neve

Foi notícia nos vários telejornais a queda de neve na Serra da Estrela. Mais não foi o único local onde ela caiu. Nos Forcalhos também se fez sentir. Ontem, por telemóvel, informaram-nos que nevava, embora ao cair no chão logo se desfizesse, não chegando a coalhar. Parece que para os lados da Aldeia do Bispo é que chegou a ficar tudo branquinho.





- Na falta de uma imagem do momento adicionamos esta de Dezembro de 2003, tirada a um poço da rua do cemitério. O branco não é da neve mas sim de geada.















OJ

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13 novembro, 2005

 

65. Extinção de freguesias?

Volta de novo a falar-se em extinção de freguesias. O semanário “Expresso” voltou ao assunto na página 4 do caderno principal da edição de 05-11-2005, onde constam (sub)títulos: “António Costa quer o país reorganizado. Até ao fim de 2006, o mapa de freguesias e concelhos vai mudar”. “Quase 2 mil freguesias e 239 concelhos podem ser extintos”.
Espero que as Juntas de Freguesia, por si e através da ANAFRE, saibam reagir no momento oportuno.
Os critérios a adoptar, se tal redução se vier a verificar, não podem ser meramente demográficos sob pena de se dar a machadada final nas povoações interiores da nossa zona fronteiriça. A desertificação que ocorre no concelho do Sabugal tem paralelo do lado de lá da fronteira. Puebla de Azaba (196 habitantes), La Albergueria de Argañan (184 habitantes), Alamedilla (204 habitantes), Ituero de Azaba (276 habitantes), Casillas de Flores (224 habitantes), El Bodon (295 habitantes) e outras estão exactamente nas mesmas circunstâncias das vizinhas freguesias portuguesas. Têm um número de habitantes parecido. Basta consultar e comparar os dados dos censos respectivos. No entanto, Espanha mantém o estatuto das suas pequenas aldeias, com os seus ayuntamientos.
Resta-nos esperar que, do lado português, haja sensibilidade para manter os estatutos das pequenas aldeias, com séculos de história, sob pena de se acentuar rapidamente o retrocesso por falta de quem as conheça e delas cuide com verdadeiro interesse.
Lembramos que, segundo o último censo, das quarenta freguesias do concelho, apenas duas, Soito e Sabugal, ultrapassam os mil habitantes. Imaginem agora a razia!…



















Os radicalismos e fundamentalismos não conduzem a bons resultados.
Serão os espanhóis mais estúpidos que nós? Ou nós mais espertos que eles?
Por outro lado, na verdade, a desertificação nem é tanta como à primeira vista poderá parecer. Dada a hodierna facilidade de deslocação, nas minhas frequentes deslocações aos Forcalhos, constato que há aqui sempre gente a passar algum tempo, embora aqui não tenha residência permanente. Então no verão este fenómeno é mais que evidente, multiplicando-se a população flutuante.
Há muita gente que aqui tem a sua residência secundária, facto que o número de eleitores inscritos e que os censos populacionais não valoram devidamente.

CHGJ

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11 novembro, 2005

 

64. Pormenores da arquitectura rural

O tipo de povoamento dos Forcalhos era o concentrado, o que levava a aspectos curiosos. Por vezes as águas das chuvas corriam por telhados contíguos de pessoas diferentes, sem problemas (foto 1).



- Foto 1 – Tirada do lado poente da Avenida da Praça em data desconhecida. Observam-se telhados únicos que abrangem mais que uma habitação. As setas indicam a visão da foto 2.










Outras vezes, como se vê na parte esquerda da fotografia anterior, a água descia para um telhado que se encontrava num plano inferior. Neste caso, como noutros que se podem ver nestas fotografias, o sistema para vedar, para evitar que as águas se infiltrassem e corressem pelas paredes (no caso de haver um telhado inferior ligado à parede) consistia em pedras (lascas) salientes, por baixo dos quais arrancava o telhado mais baixo.


- Foto 2 – Tirada do lado nascente da Avenida da Praça com data de Agosto de 1986. Na esquerda podemos observar um só telhado (indicado na 1ª seta da foto 1) para casas distintas. Essa observação está facilitada pela colocação, na habitação central, do telhado de zinco.
Na parte central da foto está a parede e na esquerda o telhado (correspondendo à 2ª seta da foto1) que, em relação à foto anterior, o subiram e os telhados que estavam num patamar inferior desapareceram. Podemos verificar embutido na parede do centro da foto as fileiras de lajes que evitavam as infiltrações sendo que o telhado que o seguia já não existia.




Em algumas fotos, com o telhado inferior já inexistente, notam-se os buracos onde entravam os caibros que sustinham o telhado e cujas telhas arrancavam por baixo das pedras salientes da parede.




- Foto 3. - Esta forma de protecção contra as infiltrações é bem observável num edifício junto à Praça mostrado nesta foto. Em 1 podemos observar o levantamento recente do telhado sendo que deixaram o beiral do telhado antigo que serve de protecção à parede (seta de baixo em 1). Na seta em 2 a protecção de que falamos, bem visível atendendo ao desaparecimento do telhado que lhe seguia.










- Foto 4. – Pormenor da foto 3. Notam-se os buracos onde entravam os caibros que sustinham o telhado, cujas telhas arrancavam por baixo das pedras salientes da parede.























Foto 5 (esquerda) – Também junto à Praça podíamos, em Agosto de 1988, notar as pedras salientes (parede da esquerda) de uma casa que fora substituída por outra mais recuada.
Foto 6 (direita) – O mesmo local em Agosto de 2005.







Foto 6 – Mais outra foto representativa. A seta mostra as pedras salientes de uma habitação desaparecida (casa da tê Bina perto do Corro).









CHGJ

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