22 abril, 2007

 

178. Cangalhas

Nos Forcalhos já não há burros, quanto mais cangalhas! Bom… se burros houver, serão muito poucos!

Agora, por todo o lado, até são protegidos para não acabar a espécie!

Para memória das tais "cangalhas" aqui vai uma fotografia tirada em 1976. Precisando mais: não é bem uma fotografia mas um fotograma de uma fita de cinema. Entre outros motivos, filmei esta burra junto à antiga ponte da estrada que vai para Aldeia Velha.















- Fotogramas mostrando uma burra com cangalhas.

As cangalhas colocavam-se por cima da albarda e serviam para aí colocar coisas a transportar pelas burras, especialmente feixes de "ferrem". Podiam ser, também e por exemplo, feixes de lenha. Colocando-se um feixe de cada lado equilibrava-se o conjunto. Mas ainda, se necessário e a burra pudesse, podia acrescentar-se, por cima, ao centro, outro feixe que encaixava entre os dois primeiros.

Não confundir com alforges, que eram de tecido, ordinariamente de linho grosso ou de "raixão" (manta de farrapos).




- Burra com alforges, já publicada no post "23. Outros tempos" AQUI .









Para constatar melhor a diferença, juntamos uma foto de uma burra com alforges. Esta foto já consta do post nº 23 e nela se vê a bolsa do lado direito dos alforges completamente cheia.

Aproveitamos para dizer que havia outras "tecnologias" para carregar as burras sem recurso aos "sistemas" acabados de apontar: cangalhas e albarda. Ficarão para uma outra oportunidade.

CHGJ

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05 abril, 2007

 

177. Matracas









- Foto da cruz da igreja dos Forcalhos em 2003 por Orlindo Jorge.















A Semana Santa, na minha meninice, era um tempo marcante. Não havia baile, não se cantava, tapavam-se as imagens na igreja com panos roxos… enfim, era uma semana de recolhimento e de ausência de manifestações de alegria, acompanhando o sofrimento e agonia do Salvador.








- Foto tirada por Orlindo Jorge, do sino menor da torre dos Forcalhos em 2003, antes da sua recuperação.

















Também os sinos se calavam, não tocavam, chegando-se a tirar os cadeados aos respectivos badalos. Em lugar do toque dos sinos para chamar os cristãos para as cerimónias religiosas recorria-se a “matracas” que eram tocadas pelos garotos ou rapazes ao longo das ruas da povoação. Para dar idéia do que eram e como funcionavam as matracas, juntamos um mal alinhavado desenho. Para uma melhor compreensão também podem aceder à seguinte página AQUI de uma fundação espanhola.

























Uma matraca era constituída essencialmente por uma tábua (mais elaborada do que a do desenho). Dos dois lados da tábua havia uma espécie de asas ou pegas de arame bem grosso que podiam girar para os lados a fim de baterem na tábua e fazer um ruído próprio. No cimo da tábua existia um buraco para meter a mão, segurar o conjunto e fazer girar a tábua para um e outro lado, de tal forma que os ferros batiam na dita tábua produzindo um barulho seco para convidar as pessoas a irem à igreja.

Depois deste pequeno apontamento, lembrando a forma como se vivia este período tão denso, e passados estes dias da Semana Santa, desejamos, na alegria da Ressureição, a todos, uma feliz Páscoa.


CHGJ

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03 abril, 2007

 

176. Domingo de Ramos

Forcalhos, 1 de Abril, Domingos de Ramos. Depois de, na televisão, ver parte das solenes e magestosas cerimónias religiosas presididas pelo Papa em Roma, fui à Missa na igreja dos Forcalhos. Que contraste!... Em rigor não foi própriamente Missa, mas antes o que se chama "celebração da palavra", presidida por um leigo, o Madalena da Lajeosa. Presentes cerca de umas quarenta pessoas, todas com pequenos e simples ramos de oliveira na mão. Houve uma pequena procissão à volta da igreja. Cerimónias simples, com gente simples… mas que me tocaram profundamente!





























Recuei no tempo e recordei-me duma altura em que a população dos Forcalhos chegou a a ultrapassar 600 pessoas… recordei-me de cerimónias, não sei se do Domingo de Ramos se doutra festividade mais ou menos próxima, em que o sacerdote ou os mordomos tiravam, de açafates de verga, flores do campo, silvestres, primaveris, multicolores e olorosas e as espalhavam pelos fiéis, na igreja.

CHGJ

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