17 outubro, 2006

 

171 Os materiais e as construções III

Como estamos em maré de pedras, vai mais este post sobre as ditas, mas com imagens dos Forcalhos.
Dissemos que nos Forcalhos eram muito raras as lajes do tipo das que referimos nos dois últimos posts, em Malhada Sorda e em Nave de Haver. Estas são estreitas e grandes, resultando a sua espessura de veios naturais, muito próximos e paralelos, que facilitam a extracção.
Nas grandes aflorações graníticas dos Forcalhos, em geral, as rochas não têm veios tão juntos e regulares. Por outro lado, entre nós abunda a pedra miúda e multiforme, a pedra solta, fruto da erosão e da actividade humana.
Era mais difícil a extracção de pedras grandes para esquinas de prédios, portas, janelas, escaleiras, balcões, alguns lares, etc.



- Casa velha que foi do ti Gusmão na Rua da Praça. Foto de 2001.








Não é fácil imaginar o trabalho que dava a extracção, o transporte em carros de vacas (por vezes a acamboar), a subdivisão das pedras, o trabalho dos pedreiros para lhe dar a forma pretendida e que, por vezes, lhe dá parecenças com pedaços das lajes referidas nos dois posts anteriores, como em alguns casos de lares (pedras por cima das quais se acendia o lume nas casas de 1º andar), balcões, resguardos dos balcões e pontes, parapeitos de janelas (tudo isto em construções antigas).
Restam-nos testemunhos, ainda actuais, na área da freguesia, de como a extracção de grandes pedras se fazia.






- Vestigios do sistema de corte de pedra em barrocos no Cabeço Nabais. Foto de 1984.













Ao Cabeço Nabais, no caminho para Albergaria, existem barrocos onde se podem observar sinais das técnicas utilizadas pelos nossos antigos pedreiros para cortarem a pedra destinada a casas, palheiros, choços, pontes, fontes, pios, chafariz, escolas, torre, garagem (hoje sede da ARCF), etc. Com macetas e cudadeiras (uma espécie de cunhas espalmadas) aqueles profissionais abriam buracos, segundo um certo alinhamento, nos barrocos. Depois de abertos todos os buracos, metiam-lhes cunhas de ferro e com uma marra, também ela de ferro, iam batendo, sucessivamente, em cada uma das cunhas até o barroco partir pela linha pretendida. Desta forma podiam obter-se pedras maiores ou menores e subdividi-las.
Em alguns casos, os blocos, ao partirem caiam por força da gravidade. Outras vezes, para os fazer deslizar ou rolar, utilizavam-se alavancas de ferro, guilhos, rolos, pancas de madeira e até estadulhos dos carros. Por vezes faziam-se pequenos transportes com recurso a corsas.















- Fotos do mesmo afloramento rochoso, de angulos diferentes, onde são evidentes os vestigios do sistema de corte de pedra em barrocos. Sitos na Barroca, nao longe do talefe. Fotos de 2005.

Como se vê nas fotografias, os buracos foram abertos nos barrocos e estes partiram mesmo. Por qualquer razão não se levou o trabalho até ao fim. Ficou-nos “in loco” um interessante testemunho.

















- Foto de cima à esquerda: Lajes naturais na cobertura do choço de Albino Jorge na Malhada do Picote. Foto de 2003.

- Foto de cima à direita: Rua da Quinta, cortelha do ti Barroco. Foto de 1991.

- Foto de baixo: Início da rua do Cemitério, da Travessa do Forno Telheiro e da Travessa do Telheiro. Lajes da cobertura da cortelha do ti Soia, visíveis por trás do poste de iluminação. Foto de 1981.











Raros exemplos de lajes naturais (do tipo apontado nos dois posts anteriores) podem ver-se em lares (lugar onde se acendia o lume) de casas de 1ºandar, em alguns choços, como o que foi do ti Albino Jorge, à Malhada do Picote, e na cobertura da cortelha do ti Soía sita na confluência das Ruas do Cemitério, Rua do Telheiro e Travessa do Telheiro. Duvidamos se as pedras que se notam à entrada da casa que foi do ti Gusmão (primeira foto deste post) são pedra picada e afeiçoada por pedreiros ou se são bocados de lajes do tipo das fotografadas em Nave de Haver ou na Malhada Sorda.
Para melhor esclarecer o que dizemos, nos Forcalhos usa-se o termo laje para designar superfícies graníticas planas, onde até, antigamente, se faziam malhas de centeio. Daí que a nossa amiga Isis no seu comentário aponte a Lajeosa. Nos Forcalhos também há dessas lajes. Contudo utiliza-se o mesmo termo para indicar pedras de dimensão razoável, estreitas por natureza, do tipo das que apontámos em Malhada Sorda e Nave de Haver. Estas placas graníticas naturais é que são raras nos Forcalhos.

CHGJ

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13 outubro, 2006

 

170. Os materiais e as construções II

Em 1989 tirámos algumas fotografias em Nave de Haver. Aproveitando a "embalagem" do post anterior, seleccionámos algumas onde se pode ver o aproveitamento de lajes, material abundante na zona.



























Uma das fotos faz lembrar uma anta, embora não seja o caso.
Dissemos que nos Forcalhos eram raros estes aproveitamentos por quase não ser possível extrair aí "lascas" deste género. No seguimento de um dos comentários do post anterior acrescentamos que os casos que conhecemos são essencialmente tectos de umas poucas cortelhas, uma adega do ti Soía, as pedras dos lares das cozinhas que ficavam no primeiro andar e pouco mais. Há casos em que as lajes vieram de longe como acontece com as que servem de mesa, junto à casa da ermida da Consolação. Para o efeito tiveram de ser cortadas de lado. Voltaremos, mais tarde a este assunto.

CHGJ

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03 outubro, 2006

 

169. Os materiais e as construções I



















À saída da Malhada Sorda, em direcção à estrada que vai de Vilar Formoso para Nave de Haver, há esta curiosa e extensa parede de vedação de uma propriedade rústica.
É interessante notar uma certa cadência existente entre a pedra miúda que preenche o grosso da parede e os grandes pedaços de laje que, postos em sentido longitudinal, fazem avançar porções dessa parede, resultando um conjunto curioso e invulgar.
Interessante exemplo de aproveitamento dos materiais de construção da região.
















Já em Nave de Haver também se aproveitou aquele tipo de pedra e em próximo post inseriremos fotografias tiradas há uns anos, e elucidativas do facto.
Nos Forcalhos, embora abunde o granito é difícil obter "lascas" daquelas e, por isso, é raro ver a sua utilização.

CHGJ

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