31 agosto, 2005

 

37. Forcalhos visto do céu

Para uma melhor visualização das imagens deste post recomendo clicar nelas que aumentam de tamanho.

O Centro Nacional de Informação Geográfica (CNIG) tem na rede o SNIG (Sistema Nacional de Informação Geográfica) que disponibiliza de forma gratuita ortofotos de todo o Portugal AQUI. São imagens obtidas em 1995. Podemos observar os Forcalhos e sua envolvente. A ermida da Consolação, lamentavelmente, ficou oculta pelo negro de uma marcação.






- Vista aérea dos Forcalhos pelas ortofotos do SNIG








Também, de Espanha, podemos aceder ao SIGPAC (Sistema de Información Geográfica para la Identificación de Parcelas Agrícolas) AQUI. É um servidor gratuito de ortofotos do “Ministério de Agricultura, Pesca y Alimentación de España” que cobre praticamente toda a Espanha e algumas terras, de fronteira, portuguesas. Inclui algumas ferramentas muito interessantes como o medidor de área e o de distâncias. Dos Forcalhos, na aproximação máxima, somente aparece metade norte da povoação. Contudo, aparece todo o caminho até á ermida de N. S. da Consolação. A fronteira e o tipo de áreas agrícolas espanholas surgem representadas por linhas diferenciadas.






- Vista aérea de parte dos Forcalhos por SIGPAC.












- Vista aérea da Consolação com a medição da distancia da ermida à fronteira.





O Google Earth é um programa disponível ainda há pouco tempo mas de um estrondoso sucesso. Clique AQUI e escolha a opção "Get Google Earth (Free Version)" para efectuar o download e instalação. Podemos observar todo o planeta terra do espaço e daí efectuar uma aproximação ao ponto de conseguirmos ver monumentos, casas, carros,… , com imagens provindas de satélite. Embora só algumas áreas permitam tal definição, e Portugal tem muitas dessas áreas, a região dos Forcalhos não teve essa sorte. O programa também tem muitas ferramentas para explorar como o relevo, estradas,….






- Imagem do Google Earth. Os Forcalhos estão no centro-cima da imagem. A Lageosa no canto inferior direito e a Aldeia Velha no canto inferior esquerdo. A Aldeia da Ponte fica mais a norte não estando nesta imagem.












- Vista utilizando o simulador de relevo do Google Earth. Ao fundo podemos observar a serra de Xalma. A linha amarela a meio da imagem corresponde à fronteira. Em primeiro plano as eiras, deliniadas pelas estradas (linhas azuis) da Aldeia da Ponte e da Aldeia Velha, e os Forcalhos.












- Outra vista, esta apresentando a serra da Estrela no horizonte, com o simulador de relevo do Google Earth. Em primeiro plano a estrada da Lageosa seguida da povoação.






Acrescento também mais duas moradas, embora os Forcalhos estejam praticamente imperceptíveis, que apresentam imagens de satélite relacionadas com os fogos em Portugal.

Agencia Espacial Europeia AQUI









- Os fogos segundo satelite da Agencia Espacial Europeia












Nasa AQUI. Escolher a opção "Fires". Aberto o mapa clicar na zona de Portugal.







- Os fogos segundo satelite da NASA


















OJ

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30 agosto, 2005

 

36. Nem só de capeias vivem os forcalhenses – Obras

Prosseguem as obras na ermida de Nossa Senhora da Consolação. O restauro do piso está quase concluído. Fora, no recinto, a Junta de Freguesia mandou fazer o alpendre com um assador, pia para lavagem de louça, sanitários e um furo para captação de água, conforme tínhamos anunciado no post nº 18.








- O telheiro com assador e mesas.

















- Mais outra mesa com assentos, esta rústica e debaixo de um frondoso carvalho.






Embelezou-se a zona com dois belos fontanários metálicos de design clássico e com bancos e mesas de pedra granítica. Só falta chegar lá a luz eléctrica. Mas as obras vão prosseguindo. O caminho também se há-de melhorar. Espera-se, deste modo, que os naturais e visitantes tenham mais um motivo de atracção e um local aprazível para passar uns momentos de bom convívio.









- Um dos fontanários instalado.











Recorda-se que outrora aqui se deslocaram em romaria povos do concelho do Sabugal, do concelho de Alfaiates e do concelho de Vilar Maior (Malhada Sorda, Nave de Haver…). Este local foi também muito frequentado por espanhóis sendo que a fronteira dista deste santuário poucos metros.







- Os sanitários construídos.








O recinto deve ter sido, antigamente, muito maior, como parece indiciar a existência de um barroco existente em terrenos particulares, a norte da ermida, arredondado artificialmente na parte superior e com uma cova quadrada no centro onde possivelmente terá estado um cruzeiro.







- Bloco granítico existente fora do recinto da ermida onde, possívelmente, assentou um cruzeiro.







O.J.

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29 agosto, 2005

 

35. A ribeira e as obras

A ribeira dos Forcalhos, neste período de grande seca, também ela secou, como de resto tem acontecido na maior parte dos Verões.
Por isso, para regar uma pequena horta marginal (por ficar na margem direita, nada de confusões) teve de se limpar um pequeno poço no seu leito, “emparedado” há umas dezenas de anos por mim e que, sempre que a ribeira ganha caudal, se volta a encher de terra.


























A montante da ponte passaram as máquinas, para regularizar o leito, fazendo deste uma autentica rua, para a seguir aí se abrirem valas e enterrarem os tubos do saneamento, destinados a conduzir os esgotos da parte sul, mais baixa, da povoação, até à estação de tratamento, ao fundo das eiras.





























C.H.G.J.

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27 agosto, 2005

 

34. Festas dos Forcalhos 2005

As festas decorreram conforme o programa constante de dois cartazes mandados fazer pelos mordomos do Senhor (que organizam a festa religiosa e a parte de animação) e pelos mordomos do Santo Menino (que são responsáveis pela capeia).







- Cartazes das festas dos Forcalhos (Verão 2005).







No sábado dia 20, de tarde, o homem do tambor e, à noite, baile com o conjunto “Alta Voltagem”.
No Domingo, dia 21, a alvorada, a filarmónica de Caria, Missa e procissão, grandes insufláveis, com um castelo, com uma casa de bolas e além destes um touro mecânico. Á noite, baile com o conjunto “Sem Limites”, fogo de artifício e actuação da artista “Micaela”.
Na segunda-feira, dia 22, à noite baile com o conjunto “Toca e Foge”.
O dia, porém, foi preenchido com a capeia.
Logo de manhã, a aldeia foi invadida por automóveis que encheram as eiras, as ruas, e estacionaram, também, pelas estradas de Aldeia da Ponte e Aldeia Velha. Imensa gente a ver o encerro, espectacular, como sempre. Seguiu-se-lhe como é de uso, a prova.




- Dois momentos do encerro.




Cerca das 16 horas apareceram os dois mordomos, Pedro e João e as duas mordomas, Rita e Inês, todos montados em cavalos ricamente ajaezados.
Depois de umas voltas à praça, precedidos do tambor e seguidos por moços com alabardas, e eles, de bandeira e espada, pediram a praça ao Dr. Carlos Jorge. Seguiram-se vivas… mais umas voltas… e saíram.







- Os mordomos do Santo Menino.








Deu-se continuação à festa. Á galha do forcão, os mordomos deste ano esperaram o primeiro touro. Depois os mordomos do ano seguinte. Esperaram-se todos os touros.









- O touro investe forte contra o forcão.












- Os rapazes do forcão não tiveram facilidades com os touros do Zé Nói.






Mais uma vez o Zé Nói apresentou gado “fino”. Todos os animais investiram e se atiraram vivamente ao forcão. O pessoal pegou com galhardia. Houve momentos de intensa emoção…. que só vividos!... Por fim o desencerro.

C.H.G.J.

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26 agosto, 2005

 

33. “Ó Forcão Rapazes 2005” - Apontamento

A praça de touros do Soito estava completamente cheia.







- O público aficionado encheu todas as bancadas da praça do Soito.















- Entrada apoteótica dos Forcalhos.











- Conjunto dos grupos das várias aldeias participantes.








Tirante o touro que calhou em sorte à Lageosa, os outros foram excepcionais.
À Lageosa seguiram-se os Forcalhos e, para nós, estes desenvolveram a melhor sorte ao forcão. O touro pegou rijamente, de frente e de lado. Fez dar uma série de voltas. Os rapazes pegaram de forma impecável sem ninguém cair nem se descompor perante as ferozes e variadas arremetidas do animal.










- A bravura do touro que se lançou, decidido e com ganas, ao forcão dos Forcalhos.












- Os valentes moços dos Forcalhos aguentam mais uma forte investida do touro.







Também os touros dos Fóios, do Ozendo, do Soito e de Aldeia Velha foram muito bons e proporcionaram um espectáculo formidável. Aldeia da Ponte, desta vez, teve de largar o forcão na praça. São azares e, apesar disso, deve reconhecer-se a valentia dos moços e homens desta terra que a “afoliar” alegraram o seu desempenho e, neste aspecto, também foram dos melhores.








- Quando o touro liga o turbo...







Desta vez nenhum grupo pegou o respectivo touro.
Está de parabéns o Zé Nói pelo gado que apresentou.

C.H.G.J.

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21 agosto, 2005

 

32. Transmissão “Ó Forcão Rapazes 2005”

Como fui um dos que não puderam, por força maior, ir ao festival “Ó forcão rapazes” tive, ao menos, a oportunidade de, por algum tempo, ligar-me à net e entrar no endereço da Câmara municipal do Sabugal, já anunciado neste blog no post n.º 30, para espreitar o que se passava dentro da praça de touros do Soito.
Embora não tenha sido fácil aceder à transmissão sempre consegui observar um pouco e, assim, abafar esta tristeza de não estar in loco a vibrar com a emoção da praça. Apesar da imagem não ser como a de uma transmissão televisiva já muito me satisfez. Aqui fica o agradecimento à Câmara Municipal do Sabugal e aos técnicos que colocaram esta transmissão on-line. Que se repita e se estenda a outros eventos.







- Imagens da transmissão on-line.







OJ

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19 agosto, 2005

 

31. Estão aí as Festas dos Forcalhos 2005

Começam este fim-de-semana as sempre desejadas festas dos Forcalhos. Espera-se muita animação. Que tudo aconteça conforme desejado tanto pelos mordomos do Senhor, com a parte religiosa, música e fogo de artifício como pelos mordomos do Santo Menino com o encerro e a capeia tradicional.








- Foto da capeia de 2004.










A isto junta-se o regresso de muitos forcalhenses que trabalham e ou vivem fora nas mais variadas terras do país ou estrangeiro que, desta forma, revêem familiares e amigos aumentando, em muito, o movimento e a animação da nossa pacata aldeia.

OJ

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18 agosto, 2005

 

30. Ó Forcão Rapazes 2005

Este ano, pela primeira vez, o festival de pega ao forcão será no Soito. Será já no próximo dia 20 deste mês pelas 16 horas. Terão participação 8 freguesias: Ozendo, Foios, Soito, Aldeia do Bispo, Forcalhos, Aldeia da Ponte, Aldeia Velha e Lageosa da Raia.

















E, novidade suplementar, as novas tecnologias vão ser usadas. Assim haverá transmissão on-line através do site da Câmara Municipal do Sabugal. Para aceder a esta notícia no site da Câmara clique AQUI. Para aceder á transmissão em directo clique AQUI. Assim quem está longe ou não pode ir sempre consegue apreciar um pouco desta capeia.

OJ

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14 agosto, 2005

 

29. Mudança da fronteira

Esta… contamo-la como a ouvimos… mas não garantimos minimamente a sua veracidade… como nos dois posts anteriores se fala de fronteira e Espanha, esta… também vem a propósito…
Parece que em tempos, o Oleg..... , um conhecido espanhol que tem (ou tinha) casa e propriedades junto à raia, onde vive (ou vivia) para os lados do Fornito, terá comprado uma propriedade rústica portuguesa, confinante com a raia e com outra propriedade rústica dele situada em Espanha.
Para unir as duas propriedades terá derrubado a parede que separava as duas propriedades, parede que servia de fronteira entre Portugal e Espanha. Com a nova situação criada pelo Oleg...... , a fronteira passava a dar uma curva e o território português ficava um pouquinho mais pequeno.















De Portugal, quem de direito, alertou as autoridades espanholas para o facto de terem mexido e alterado a parede e o traçado da linha fronteiriça entre os dois países. Em consequência, o Oleg..... foi chamado a Salamanca para se explicar e repor a situação. Como justificação do seu procedimento, o Oleg..... terá argumentado que tinha aprendido que Franco sempre quis o engrandecimento de Espanha e era para isso que ele, Oleg..... , tinha contribuído.

C.H.G.J.

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28. Assentos invulgares.

As lutas entre liberais (partidários de D. Pedro) e absolutistas (que apoiavam D. Miguel) tiveram largas repercussões em todos os domínios da vida portuguesa. A Igreja não podia escapar. Parte do clero teve intervenção activa e tomou partido por um e por outro lado. Consequentemente, viu-se perseguido por uns e por outros, conforme os alinhamentos e as sucessivas vitórias e derrotas.

Na altura pertencíamos à diocese de Pinhel e o bispo da diocese tomou o partido de D. Miguel. Apostou no cavalo errado, como sói dizer-se, e por isso, teve de fugir. O desgraçado, depois de morrer, teve de ser enterrado às escondidas, de noite, segundo diz Fortunato de Almeida. A diocese não voltou a ter bispo, apenas governadores, ate a sua extinção.

Com a perseguição ao clero por parte de absolutistas mas, principalmente, por parte dos liberais que saíram vencedores, com certas medidas tomadas por estes, com a extinção das ordens religiosas, com a perda de regalias, com a vacância de sedes episcopais, com dificuldades de funcionamento dos seminários para formar novos sacerdotes, a igreja atravessou uma grave crise.

Compreende-se que, neste contexto, na zona fronteiriça, os Forcalhos recebessem apoio de sacerdotes espanhóis: D. Clemente Gomez, D. António Garcia {de Albergueria de Argañan e que, como capelão, chegou a residir nos Forcalhos}, D. Pedro Tavares Delgado e um outro sacerdote que até chegou a ser, mesmo, nosso pároco: D. Melchor Lorenzo. São interessantes os assentos dos baptismos que eles lavraram em espanhol com um ou outro termo português à mistura. De Dom Melchor Lorenzo, como nosso pároco, ficaram-nos assentos desde 24-05-1840 até 06-06-1842. Por razões que desconhecemos, segue-se um período em que ele deixa de intervir. Neste intervalo aparece o Padre João de Matos, natural de Aldeia da Ponte, ao que parece também guerrilheiro naqueles conturbados tempos e que, intitulando-se apenas Padre e sem invocar quaisquer outros títulos, fossem os de cura, capelão ou pároco, oficia e assina os baptismos desde 12-10-1842 até 27-09-1843. A seguir, reaparece o nosso pároco espanhol, D. Melchor Lorenzo, a baptisar e a lavrar os respectivos termos, em espanhol, desde 19-03-1844 até 08-06-1845. Reproduzimos uma página com dois destes interessantes assentos. O primeiro é de um antepassado do autor deste post.




































Como nota acrescenta-se que, nos últimos tempos, a colaboração de sacerdotes espanhóis se voltou a acentuar nestas aldeias fronteiriças de primeira linha, isto é, confinantes com a fronteira, por falta de padres portugueses que chegam a ter a seu cargo, individualmente 6 e mais paróquias. Ainda não há muito, o autor deste post assistiu, nos Forcalhos, a uma missa dominical celebrada por Dom Angel, então pároco de Navas Frias, Espanha, e que lia e se fazia entender em português com sotaque castelhano, ou, como costuma dizer-se, em “portunhol”.

C.H.G.J.

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10 agosto, 2005

 

27. MARCOS FRONTEIRIÇOS

La Albergueria de Argañan, mais simplesmente, para nós, Albergaria, é a aldeia espanhola mais próxima dos Forcalhos. Até há umas décadas íamos lá, a pé, com frequência, pela vereda, que passa ao lado do marco fronteiriço que tem o número 611 ou então, menos vezes, pelo caminho dos carros (de vacas), cruzando, neste caso, a raia junto ao marco nº 613. A pé faz-se o percurso em menos de meia hora.
Na maior parte das vezes os nossos conterrâneos levavam meia dúzia ou uma dúzia de ovos e traziam alimentos, calçado (alpergatas, albarcas, sandálias), ferramentas, peças de pano ou vestuário, e as moças uns perfumezitos, tudo para uso doméstico. Isto, entre nós, não se considerava contrabando. Mesmo assim, de vez em quando, a guarda fiscal ou os carabineiros, para apresentarem serviço, apareciam e tiravam tudo ou apenas parte do que se trazia ou se levava. Contrabando, para nós era o que se passava para vender com lucro. Mesmo assim, como diria um ilustre raiano, o Dr. Leal Freire, num dos títulos de um livro seu: contrabando, delito mas não pecado.
Outras vezes ia-se por prazer, como relata o saudoso Carlos Alberto Martins Jorge, que Deus haja, e na mocidade tinha por companheiros estudantes o Quinhas, o Zé da Vila, o Manel Mariana, o Toneca Amaro, o Carlos Gôrra, o Ulisses de Aldeia Velha e outros:





- Marco 611, em 1968, no lado de Espanha.









… Nos meses do verão aquilo enchia-se. Não havia ainda “Algarves” nem encaminhamentos turísticos e por isso caía lá tudo quanto andava por fora. Os estudantes........

Com certa frequência a malta ia a Albergaria à cata das espanholas fazendo bailes e outras coisas. O regresso era quando era, sempre lá para as tantas da noite. O transpor da raia, no regresso, obedecia a certo ritual. Havia discursos para os quais o marco da fronteira servia de tribuna. O orador teria de usar uma indumentária própria, a condizer com a solenidade do acto. Mas como o acto, embora solene, não tinha pompa, a indumentária também não. Era muito simples. O discurso, a comunicação científica ou lá o que fosse, teria de ser feito em cuecas. O marco da fronteira nº 613, que ainda não foi reformado e lá se conserva com a mesma antiga dignidade, poderia, se falasse, confirmar estes acontecimentos. O teor desses discursos? Bom não havia temas obrigatórios, mas estou em crer que se abordavam em profundidade os grandes problemas duma geração alegre sem problemas.

Numa dessas noites, motivado pelo calor da oratória, ou devido ao gesto impetuoso do “arrear das calças” para dar início à perlenga, algumas moedas terão caído dos bolsos do orador sem que este notasse. Finda a discursata, eufórico, o eloquente tribuno só em casa deu pela falta das suas ricas moedas. A notícia correu veloz e o rapazio, manhã cedo ainda, lá foi apressado a caminho da raia na mira de encontrar algumas c’roas… e parece que sim… Eu também lá fui e ainda abichei 25 tostões…”








- Marco 613, em 1984, no lado de Portugal.











Pelas nossas contas o texto acima deve referir-se á década de 1940. Juntamos fotografias do marco n. 611 e 613. Ao Fornito, em vez de marcos a raia estava assinalada com cruzes nos Barrocos das Andorinhas e noutros. Mais recentemente acrescentaram-lhe uns marcos mais pequenos, em cima dos barrocos.







- Marco 627, em 1981, no lado de Espanha.













C.H.G.J.

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09 agosto, 2005

 

26. Incêndios

Nestes dias de pavorosos incêndios por todo o país, não queremos deixar de expressar a nossa solidariedade com todos os atingidos por este flagelo. Ao mesmo tempo apelamos para que todos usem do máximo cuidado, para não fazerem lume nos campos, para não deitarem beatas de cigarro para o chão, para, enfim, prevenir, de todas as formas, o perigo de incêndio.






Foto de 1986 - Dominando o contra fogo







Graças a Deus que, por enquanto os Forcalhos não foram afectados. Grande parte de nós terá ainda na lembrança o que aconteceu nos dias 16 e 17 de Agosto de 1986, em plena festa. Então mobilizaram-se os particulares que trabalharam activamente e até se atearam e dominaram pequenos contra fogos e se cortaram carvalhos para evitar que o incêndio avançasse e se propagasse às casas, com as respectivas consequências.






Foto de 1986 - Corte de arvores e ataque ao incêndio.







Como então se escreveu no NF: Sejamos cautelosos!

C.H.G.J.

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08 agosto, 2005

 

25. A tradição ainda é o que era.

PEDINDO

Segundo um antigo uso, um dos mordomos do Senhor, no terceiro Domingo de cada mês, dá volta à povoação, a pedir esmola, levando consigo uma campainha que faz soar de quando em quando.



















Desta feita (em 1983) surpreendemos, em flagrante, o ti Léi Libano.
Ao ouvir o som familiar da campainha, as pessoas vêm à rua, dão a sua moeda, acto que normalmente é acompanhado deste (ou de outro muito semelhante) dialogo:
- Deus vos o aceite (ou: Deus to aceite)
- E a vós os passos (ou: E a ti os passos).
Aqui o “vós” nem sempre se refere a um grupo de indivíduos, seja casal, seja família. De acordo com a tradição algumas pessoas tratam-se por “vós”. Assim, os compadres e os “praceiros” (estes são os que alguma vez serviram conjuntamente de mordomos) não se tratam por “tu” mas por “vós”. Já agora, a talhe de foice, mais uma pequena explicação: “Lei” é uma forma de tratamento familiar, um diminutivo de “Manuel”.



















O costume mantém-se como pode ver-se destas fotografias tiradas em 2004.



















(Fonte: Notícias dos Forcalhos n.º2 de Julho de 1984)

C.H.G.J.

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07 agosto, 2005

 

24. Evoluções















(Fotografia tirada no dia 14 de Maio de 2005 em hortas situadas entre a ribeira e a Rua dos Fornais.)

Eis a prova provada de que a agricultura, nos Forcalhos, se modernizou e recorre a novas tecnologias!!!
Quem ousará dizer o contrário???

C.H.G.J.

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06 agosto, 2005

 

23. Outros tempos

Há quase quarenta anos!
Ainda não havia livre circulação de pessoas e bens dentro da União Europeia. Não havia mesmo União Europeia de que fizéssemos parte. Não obstante já havia quem fosse a "cavalo" na burra, atravessando a fronteira, sem passaporte nem salvo conduto, dos Forcalhos aos banhos da Costa da "Poba" em Espanha. Os Carabineiros terão dito a pessoa nossa conhecida que viram a caravana mas nem apareceram à dita caravana pois, pelo estilo, logo se aperceberam de que não tinham geito de contrabandistas.
Esses banhos (de água sulfureas, mal cheirosas) já não estão activos. Ouvimos dizer que, na ânsia de aumentar os proventos, ampliaram a captação, misturaram-se ás primitivas outras águas normais e perderam-se, assim, as propriedades minero-medicinais. Não muito longe desta ficavam as da Fonte Santa (Casilhas) que continuam activas.














A caravana era consituída pelos actuais Drª Adozinda, Prof.ª Maria Gracinda e pelo fotógrafo (que, por isso, não pode ver-se), Dr. Carlos Jorge. A fotografia foi tirada, julgamos, em terras de Espanha, vislumbrando-se, ao longe, as serras do sistema luso-castelhano.
Nos alforges levava-se o nocessário para comer e dormir durante alguns dias. Os aposentos para os aquistas reduziam-se a um pequeno edifício térreo, de telha vã e para fazer a cama tinha de se comprar palha para colocar no chão. Era uma espécie de camarata com gente alegre, nova e velha, portuguesa e espanhola. As águas eram excelentes, superiores ás da Fonte Santa, mas estas muito melhores em instalações e ainda em funcionamento, perto das Casilhas.
Mais longe ficavam outras águas com propriedades curativas mas muito diferentes: os banhos da "Cutchina". As termas portuguesas do Cró já tinham entrado em crise.
C.H.G.J.

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05 agosto, 2005

 

22. Jogos e brincadeiras III

O CARRO DE BUGALHAS
















Hoje vamos explicar como se fazia um carro de bugalhas. Claro que eu não vejo os nossos filhos a brincar com eles. Falta-lhes o modelo que imitávamos. De facto víamos os nossos pais a "junguir" as vacas, a metê-las ao carro, a apertar a chivelha, a carregar e a descarregar, a apertar as carradas, a chamar as vacas pelo seu nome, a incitá-las ou a picá-las com o aguilhão. Nos próprios ainda o fizemos. Com o tempo as coisas mudaram e os nossos filhos já não trataram da "Galharda", da "Castanha", da "Amarela", da... Que saudade!
Recordo-me de quando meu pai, contrariado, resolveu vender a nossa Galharda, por velhice... quanto lhe custou tomar a decisão... a pena que invadiu minha mãe que a não quis ver partir para o mercado onde ficaria... vaca de uma enorme mansidão... valente... que tantos anos viveu connosco.
Mas vamos ao carro.
Corta-se uma bugalha um pouco acima do meio e espeta-se-lhe uma varinha que servirá de cabeçalha. Fura-se no meio e mete-se outra varinha (perpendicular a primeira) que funcionara como eixo. Nas pontas do eixo espetam-se duas bugalhas que serão as rodas. No carro espetam-se quatro pauzinhos que farão de estadulhos.
Vai tudo exemplificado na fotografia. Falta a junta de vacas.
Primeiro, o jugo. Desbasta-se, de lado, uma varita com perto de oito centímetros de comprimento.
Fazem-se uns dentes na parte central (por onde passaria o tamoeiro). Mais para fora, um pequeno arco para a cabeça das vacas (ou melhor, neste caso, das bugalhas). De um lado e do outro do arco, um pequeno sulco para passagem da soga (aqui representada pelo fio de linha) com que se prendem as vacas ao jugo.
Tudo isto como vai exemplificado.
Para "junguir" as vacas, isto é, segurar as bugalhas ao jugo, é um pouco complicado.
Primeiro passa-se várias vezes com a linha a volta da bugalha para a segurar ao jugo. A seguir aperta-se melhor com passagens perpendiculares, junto ao jugo, como se pretende explicar nos desenhos, sendo a a linha, b a bugalha e c parte do jugo. O carro das imagens desta vez não saiu muito bem por não dispor de bugalhas em condições. São velhas, gastas e quase não tem "cornos".









Depois de construído o carro, depois de junguidas as vacas, falta o mais importante... a imaginação para trabalhar/brincar com tudo.
(Fonte: Notícias dos Forcalhos n.º26 de Julho de 1996)
C.H.G.J.

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