09 junho, 2006
155. El Cura Cid

Para ilustração do post 101. Histórias da Política nos Forcalhos II "La Chiflanópolis de Forcalhos o Ventosa Forcalhense colocamos um pormenor da capa do livro “La Chiflanópolis de Ciudad-Rodrigo”, de 1876, escrito por um padre muito controverso, El Cura Cid. O livro descreve, de forma cómica e em versos, toda uma variação sobre peidos partindo da definição e passando por todas as notas musicais.
A vida deste padre espanhol, que andou por terras espanholas relativamente próximas dos Forcalhos, está repleta de casos caricatos, cheios de humor que justificam este post.
O livro em questão teve nova edição em 1997, por José Ramon Cid Cebrián, na qual acrescentou dados bibliográficos. É na base desta edição que escrevo este post, de onde transcrevo alguns excertos devidamente assinalados a letra gorda.

- O livro “La Chiflanópolis de Ciudad-Rodrigo”, do Cura Cid. Edição de 1997, de José Ramon Cid Cebrián.
El Cura Cid exercia a sua prática em Ciudad Rodrigo. Era um indivíduo alto, inteligente, culto, grande pregador, muito popular e polémico. Embora pelo ofício fosse obrigado ao celibato não seria muito casto e até gozava de algum êxito com as mulheres.
A determinada altura concorreu para um lugar de cónego na catedral. Realizou um exame onde obteve máxima qualificação. Contudo o tribunal decidiu dar o título de cónego a um opositor medíocre devido à reputação do Cura Cid.
Como consequência as relações entre este padre e as hierarquias deterioraram-se. Talvez para provocação escreveu o livro que acima referi, de forma anónima, que causou grande mau estar. Como consequência foi desterrado para uma paróquia rural, Herguijuela, longe da cidade.
Contudo o Cura Cid soube adaptar-se bem à nova realidade ao ponto de afirmar:
Como la cabra en el monte,
Que trisca libre de risco en risco
Sin suegra y sin obispo

As peripécias contadas no livro são muitas, sobretudo as amorosas. Para além disso era corajoso e provocador.
Estando ele numa taberna cantarolando as conquistas amorosas feitas na terra vizinha de Martiago, entraram uns moços de Martiago para lhe cobrar o vinho. O Cura não se amedrontou e continuou cantando:
Pa los curas y frailes
Las buenas mozas
Y pa los martiagueses
Cuernos y alforjas

Outra situação aconteceu porque chegara aos ouvidos do bispo que ele vivia rodeado de boas empregadas. O bispo logo lhe proibiu de ter empregadas obrigando-o a ter uma vida pobre e austera.
Tempos depois, o Bispo anuncia-lhe uma visita. O cura, para evitar censuras do seu superior escondeu tudo o que tinha em casa deixando somente uma pequena cama de uma tábua e sem colchão, e uma cadeira. Despediu as empregadas e vestiu a sotaina mais velha que tinha.
Ora o bispo chegado à terra, juntamente com um auxiliar, ficou impressionado com o mau aspecto do Cura Cid e pediu-lhe explicações. Este justificou-se com a obediência às ordens dadas: levar uma vida pobre e austera.
Seguiram para casa do Cura onde pernoitariam:
[…] preguntó el Obispo que dónde se acostaban, contestando el cura:
- Su ilustrísima se puede acostar en mi humilde camastro .
El Paje del Obispo también preguntó:
- Y yo dónde me echo?
- Usted puede dormir en esa silla [cadeira] donde está sentado porque no tengo más camas.
Contestó el cura, a lo que protestó el Paje:
- Pêro cómo voy a domir toda la noche sentado en una silla!
- Pues véngase a rezar conmigo que peor noche pasó nuestro Señor en el huerto de los olivos, la víspera de su muerte.
E noutra visita estava o Cura Cid com as vestes todas sujas justificando-se desta forma:
- Como no me deja tener ama, estoy hecho un adán; si por lo menos me dejara tener un ama vieja…. Solo le pido un ama com tantos años como la yegua más vieja que pasee por Ciudad Rodrigo.
O bispo não percebia nada de cavalos e éguas e por isso a princípio não lhe pareceu má ideia. Depois é que lhe explicaram que uma égua com 18 anos já é considerada velha.
Para mais recomendo a leitura do livro.
OJ
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Comments:
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Esse cura sabia a missa toda....
como se diria hoje "ganda maluco"
Só por este pequeno introito aguça o apetite para o livro e faz lembar o nosso grande BOCAGE.
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como se diria hoje "ganda maluco"
Só por este pequeno introito aguça o apetite para o livro e faz lembar o nosso grande BOCAGE.
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