13 março, 2006

 

118. Luz

Mais uma colaboração de Fernando Lourenço. É bom verificar que os leitores do blog se vão desinibindo e partilhando as suas estórias com todos nós, dando-lhe mais colorido e enriquecendo-o.
OJ



Luz

Tudo evoluiu, não só Lisboa, e ainda bem.
Se nos lembrarmos, por exemplo, dos Forcalhos, há 30 anos, poucas eram as casas caiadas. Na grande maioria eram casas de granito. Não havia estrada ou caminhos com alcatrão, nem tão pouco ruas calcetadas....
Tenho uma vaga lembrança dos serões á luz da candeia de petróleo e de electrificarem os Forcalhos.
Recordo um caso que era muito comentado na altura acerca do "ti Bergílio" (O ghughu que m'apertam) e da mulher, a tê Ana.
Ele era muito surdo, falava muito alto e era hilariante ouvi-lo a contar:
- Eu no queria pôr a luz, mas a Ana ateimou que sim e lá falou cu home pra
fazer o trabalho. No primeiro dia, tcheguei a casa abri a porta da loije pra intrarem as
bacas, dei ó brotcho.....Ai que beleza.... ai que beleza... a loije tcheia... a loije tcheia...










Ainda a propósito da electrificação, lembro-me dum electricista chamado Fernando, de ar bonacheirão e bigode farto, que ficou muito popular por aquelas bandas, devido à sua simpatia...
Estava ele um dia, em cima duma escada, encostada à casa de meus pais, executando o seu trabalho e cá em baixo estavam meus pais, alguns vizinhos, outro electricista e eu, muito curioso, a observá-lo...
Brincalhão, como sempre, questionou-me:
- Ó Zé, como é que te chamas?
- Olhe que eu não sou Zé, chamo-me Fernando - respondi eu.
- Pior um pouco... os Fernandos são todos malucos - disse ele.
- Então o senhor também é maluco, porque também se chama Fernando - respondi eu prontamente.
Foi um fartote de rir entre todos os presentes, que comentavam:
- Por esta é que o senhor Fernando não esperava...

Fernando Lourenço

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