26 fevereiro, 2006

 

112. Associação de Caça e Pesca dos Forcalhos

Parte I










Terminada mais uma época de caça não podia de deixar de falar numa das associações dos Forcalhos: Associação de Caça e Pesca dos Forcalhos.
Já tinha mostrado interesse em acompanhar uma das caçadas e o Quim e o Adérito fizeram o favor de me convidar.
Portanto, no Domingo passado, juntei-me ao grupo na hora, 9.30, e no ponto de encontro habitual, o café da Associação Cultural e Recreativa dos Forcalhos. Enquanto se espera a chegada dos vários caçadores associados, aviva-se o convívio com estórias e uns comes para enganar a fome. Nem todos são dos Forcalhos. Há quem venha de bem longe, como os de Viseu. Também costuma marcar presença malta de Anadia que, desta vez, não compareceu, talvez devido ao mau tempo, assim como outros que, por isso, faltaram. E também os há da vizinhança. Logo um me abordou em voz alta:
- Não esteve o outro dia em Aldeia Velha?
- Estive. – Respondi eu.- É da Aldeia Velha, é?
- Quem?! Eu?!... Não!
E logo alguém respondeu por ele:
- Óhhh!! Esse é das "Três Aldeias".
Fiquei curioso. Não conheço na região nenhuma aldeia com esse nome. Então lá me explicaram que nascera nos Forcalhos mas casou com alguém da Aldeia Velha e já vivera em mais que um local.
Como é tudo malta bem disposta e animada, por brincadeira quiseram-no espicaçar:
- Ele é cá dos Forcalhos. Bem o correram à pedrada e fugiu para Aldeia Velha!
E, já com risada no ar, outro aprontou-se a corrigir:
- Ele foi lá buscar rapariga. Casou. E depois fugiu. - (Entenda-se para Aldeia Velha).
Como os Forcalhos são um local especial, rapidamente acrescentaram:
- Fugiu, não!!! Fizeram-no fugir.
Para completar a informação dilataram:
- N’Aldeia Velha morava ali à Praça. Não o quiseram ali e mudaram-no para uma ponta. Daqui a pouco colocam-no em Alfaiates!
O visado, a modos fingidos de ofendido, porque tudo não passava de uma salutar reinação, retorquiu:
- Não gostam cá de mim?! Qualquer dia venho pr´aqui!
Gritaram:
- Ala con el!!!
E a jeitos de garantia afirmou:
- Ainda tenho cá duas casas.
Estórias e falas entre picardias deste género foram crescendo à medida que o grupo aumentava.











Considerado o grupo feito e sabendo que mais ninguém viria, planearam-se as caçadas. A falta de membros denotou-se também na falta de cães. Tudo por causa do mau tempo e da neve.
Decidiu-se que a primeira área a bater era entre o Vale do Moinho e o Carapito. Seguimos para as viaturas e estacionamos junto duns estábulos.











Delineou-se a estratégia. Uns foram dar a volta para, com os cães, com os rebentamentos de bombas e com os berros, afugentarem os animais para os portais. Os outros escolheram os portais com melhor campo de tiro. Um mais abaixo, outros mais acima...
Na falta de um bom local de camuflagem há que partir umas giestas e montar esconderijo. O silêncio e a imobilidade são obrigatórios. A atenção também não pode falhar. Procuram-se movimentos no mato que denunciem a raposa ou o javali.











No final deu em nada. Os cães ainda ladraram mas não se viu animal algum.
Seguiu-se mais para cima. Ficaram desta feita os carros estacionados no Carapito. Já a pé desceu-se, entre a neve, para as Sazedas. Desta fiquei no portal com o Luís. Tínhamos um bom campo de tiro, com ângulos bem abertos. Um barroco, bem à nossa medida, escondia-nos. Ouve-se o primeiro rebentamento. Sinal que começaram a bater terreno. A voz do Adérito ecoava por todo o lado. Gritava entre berros palavras imperceptíveis. Só conseguia compreender:
- Perro!!! Perro!!!
O seu som aproximava-se cada vez mais de nós mas por um lado que não nos era favorável. Assim o animal não sairia em nossa direcção. É enervante acontecer isto sobretudo quando estamos tão bem colocados. Soltam-se protestos entre dentes.
Ás tantas o Adérito grita:
- Marrano!!! Marrano!!!
Anunciava javali. Os cães ladravam forte.
Saímos do esconderijo, a correr, na tentativa de o alcançar. A neve não ajudava na correria mas a ansiedade era maior e tudo ultrapassava.
Mas nada víamos. Parámos junto ao mato. Mais uma correria para a margem de outro mato. Nada. Fora falso alarme.
Não era javali mas raposa que fugira para o lado oposto ao nosso para onde estava o Raul que a matou.
Nova batida mais abaixo, mas deu em nada.

(continua...)

OJ

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Comments:
casar em aldeia velha é que é de valor! meu pai e minha mae tambem casaram! :P
 
Ísis. Bem vinda de volta aos comentários. Pelo que percebo os ares de Aldeia Velha animaram essa tua vontade de comentar porque metralhaste de uma assentada uma série de comentários, pelos vários posts, sem dor nem dó!
 
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