24 janeiro, 2006
98. A relíquia
Tenho em mãos uma preciosidade sobre a qual nestes últimos tempos tenho trabalhado. Esta relíquia consta de um conjunto de filmes. Filmes à séria, de rolo, como nos cinemas, colocados em bobines. Foram realizados nos Forcalhos na sua maioria em 1976 (Maio e Agosto) e uma parte menor em 1982 (Agosto). Já é a cores, embora mudo. Creio que estas serão as mais antigas dos Forcalhos, depois das filmagens realizadas pelos alemães, Instituto do Filme Científico, de Gotting, em colaboração com o Centro de Estudos de Etnologia, de Lisboa, (a preto e branco) em 1970. Este filme de 1970 pode ser adquirido através de encomenda nesta página alemã AQUI.
- A bobine totalmente preenchida e deitada corresponde ao ano de 1976. A bobine ao alto é de 1982.
A filmagem é amadora e num grau familiar. Mas, apesar disso, nota-se que houve intenção do Dr. Carlos Jorge (quem filmou) de captar cenas e quadros de uma época que então já estava a desaparecer e hoje já não existe.
Na altura não havia o VHS e muito menos DVD. A forma de fixar imagens animadas, a nível familiar, era o filme 8mm ou super 8. Compravam-se rolos de 4 metros e poupava-se nas filmagens porque o rolo era caro e tinha de ser revelado no estrangeiro, neste caso em Espanha, ao que parece em Madrid.
Estes filmes serviram para, quando eu e os meus irmãos éramos garotos, meu pai nos distrair passando os filmes. O que acontecia muitas vezes era que em determinadas alturas nós pedíamos para inverter a rodagem do filme e riamos a bandeiras despregadas ao ver a nossa avó e outros aos pulos a andar ao contrário (para trás).
A fita encontra-se bastante queimada de tanto ser passada na altura, estando um tanto descolorida e a nitidez fica muito a desejar. Contudo, hoje constitui uma relíquia da qual digitalizei muitas partes aumentando assim o banco de imagens históricas sobre os Forcalhos. E nesta análise aos fotogramas tenho desvendado pormenores curiosos, e trazido à luz, que nem um arqueólogo, recordações e memórias perdidas no tempo.
Numa forma de partilhar esse manancial de informações e descobertas irei publicar alguns post´s sobre estes filmes. Será também intenção, lá mais para a frente, disponibilizar alguns trechos de filme no blog.
Por agora e como amostra ilustrativa ficam estas imagens.
- Na esquerda: Fotograma do filme mostrando as eiras em 1976. Para a esquerda é o caminho para Aldeia Velha e para a direita o caminho para Aldeia da Ponte. Como pormenor verifica-se que o indivíduo montado no burro leva um arado (de burros) às costas.
- Na direita: Foto tirada sensivelmente no mesmo local, actualmente.
- Esquerda: Fotograma do interior arruinado da ermida de N.S. da Consolação. A ermida foi recuperada, em grande parte, recentemente.
- Direita: Fotograma mostrando as sepulturas antropomórficas das Sarzedas.
- Fotograma da capeia dos Forcalhos em Agosto de 1976.
OJ
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- A bobine totalmente preenchida e deitada corresponde ao ano de 1976. A bobine ao alto é de 1982.
A filmagem é amadora e num grau familiar. Mas, apesar disso, nota-se que houve intenção do Dr. Carlos Jorge (quem filmou) de captar cenas e quadros de uma época que então já estava a desaparecer e hoje já não existe.
Na altura não havia o VHS e muito menos DVD. A forma de fixar imagens animadas, a nível familiar, era o filme 8mm ou super 8. Compravam-se rolos de 4 metros e poupava-se nas filmagens porque o rolo era caro e tinha de ser revelado no estrangeiro, neste caso em Espanha, ao que parece em Madrid.
Estes filmes serviram para, quando eu e os meus irmãos éramos garotos, meu pai nos distrair passando os filmes. O que acontecia muitas vezes era que em determinadas alturas nós pedíamos para inverter a rodagem do filme e riamos a bandeiras despregadas ao ver a nossa avó e outros aos pulos a andar ao contrário (para trás).
A fita encontra-se bastante queimada de tanto ser passada na altura, estando um tanto descolorida e a nitidez fica muito a desejar. Contudo, hoje constitui uma relíquia da qual digitalizei muitas partes aumentando assim o banco de imagens históricas sobre os Forcalhos. E nesta análise aos fotogramas tenho desvendado pormenores curiosos, e trazido à luz, que nem um arqueólogo, recordações e memórias perdidas no tempo.
Numa forma de partilhar esse manancial de informações e descobertas irei publicar alguns post´s sobre estes filmes. Será também intenção, lá mais para a frente, disponibilizar alguns trechos de filme no blog.
Por agora e como amostra ilustrativa ficam estas imagens.
- Na esquerda: Fotograma do filme mostrando as eiras em 1976. Para a esquerda é o caminho para Aldeia Velha e para a direita o caminho para Aldeia da Ponte. Como pormenor verifica-se que o indivíduo montado no burro leva um arado (de burros) às costas.
- Na direita: Foto tirada sensivelmente no mesmo local, actualmente.
- Esquerda: Fotograma do interior arruinado da ermida de N.S. da Consolação. A ermida foi recuperada, em grande parte, recentemente.
- Direita: Fotograma mostrando as sepulturas antropomórficas das Sarzedas.
- Fotograma da capeia dos Forcalhos em Agosto de 1976.
OJ
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Comments:
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ah bobines, no disco de nippkov. =) gostava de ter contacto com algo assim! cá em casa temos vídeos antigos, das câmaras de filmar mais arcaicas, mas bobines nao... e é muito bom recuperar de tamanha riqueza para as memórias da aldeia!!! =)
A base de funcionamento do filme é do género do disco de Nipkov.
Sem dúvida que é uma riqueza, pois são raros este tipo de filmagens na nossa zona e em data tão recuada. Na altura não havia a vulgaridade de cameras de filmagens que há hoje. Para mim é um privilégio poder desbravar a fita toda na procura de momentos singulares.
Mas utilizando o mínimo de ferramentas no seu visionamento, como é o caso, é de ficar com os olhos em bico, diria mesmo zarolho. Em primeiro lugar devido à posição da fita no scaner, vejo a imagem de forma invertida. Cerebralmente tenho de fazer um esforço de leitura como se tivesse a olhar para um espelho. Em segundo, por uma questão de poupança de tempo, efectuo o visionamento directo da fita a olho nu (por vezes lá utilizo uma lupa). A sorte é que ainda não me falha a vista.
Nem te conto a variedade de emoções pelas quais passei ao visionar este filme.
Sem dúvida que é uma riqueza, pois são raros este tipo de filmagens na nossa zona e em data tão recuada. Na altura não havia a vulgaridade de cameras de filmagens que há hoje. Para mim é um privilégio poder desbravar a fita toda na procura de momentos singulares.
Mas utilizando o mínimo de ferramentas no seu visionamento, como é o caso, é de ficar com os olhos em bico, diria mesmo zarolho. Em primeiro lugar devido à posição da fita no scaner, vejo a imagem de forma invertida. Cerebralmente tenho de fazer um esforço de leitura como se tivesse a olhar para um espelho. Em segundo, por uma questão de poupança de tempo, efectuo o visionamento directo da fita a olho nu (por vezes lá utilizo uma lupa). A sorte é que ainda não me falha a vista.
Nem te conto a variedade de emoções pelas quais passei ao visionar este filme.
pois, imaginei que fosse da base do disco de nipkkov. =) deve ser um desafio e uma constante descoberta conhecer filmes assim...
olhem eu sou o Pedro, licenciei-me em Artes Plásticas,passo férias à muitos anos na minha terra de coração(Forcalhos).Fiquei deveras fascinado quando vi que existia alguem com filmes tão antigos sobre a minha aldeia.
pelo que gostava saber se se poderia adquirir uma cópia destes filmes em qualquer formato.
mando meus contactos para se possivel alguém entrar em contacto comigo.
zorbapinheiro@hotmail.com
tlm. 964856706
ps. penso que esse género de decomentos que retrtatam muito da nossa razão de ser assim deveriam se divulgados a que mais interessa: "os Forcalhences"... as tradições terão obrigatóriamente que evoluir com os tempos e com as gentes mas o essêncial fica e predura com a força de não se sabe quanto tempo...
pelo que gostava saber se se poderia adquirir uma cópia destes filmes em qualquer formato.
mando meus contactos para se possivel alguém entrar em contacto comigo.
zorbapinheiro@hotmail.com
tlm. 964856706
ps. penso que esse género de decomentos que retrtatam muito da nossa razão de ser assim deveriam se divulgados a que mais interessa: "os Forcalhences"... as tradições terão obrigatóriamente que evoluir com os tempos e com as gentes mas o essêncial fica e predura com a força de não se sabe quanto tempo...
Olá Pedro
O filme dos alemães sobre a tourada nos Forcalhos é pouco extenso e o Orlindo indica, no post, a morada para onde se pode encomendar. Nós encomendámo-lo e foi-nos enviado.
Podes ver algumas imagens e notícia do filme nas páginas 263 a 268 do livro "Festividades Cíclicas em Portugal", de Ernesto Veiga de Oliveira, nº 6 da colecção "Portugal de Perto". edição das Publicações D. Quixote,1984.
Quanto ao nosso filme sobre os Forcalhos, tem aspectos interessantes, mas pelo caracter amador e familiar e pelo estado em que se encontra, não se justifica a sua publicação. Isso não significa que se não faça algum aproveitamento dele. Por exemplo, se pretendermos falar de "cangalhas", poderemos recorrer a esse filme para extrair a respectiva imagem pois agora já não há cangalhas ou... pelo menos eu não as tenho visto.
O filme dos alemães sobre a tourada nos Forcalhos é pouco extenso e o Orlindo indica, no post, a morada para onde se pode encomendar. Nós encomendámo-lo e foi-nos enviado.
Podes ver algumas imagens e notícia do filme nas páginas 263 a 268 do livro "Festividades Cíclicas em Portugal", de Ernesto Veiga de Oliveira, nº 6 da colecção "Portugal de Perto". edição das Publicações D. Quixote,1984.
Quanto ao nosso filme sobre os Forcalhos, tem aspectos interessantes, mas pelo caracter amador e familiar e pelo estado em que se encontra, não se justifica a sua publicação. Isso não significa que se não faça algum aproveitamento dele. Por exemplo, se pretendermos falar de "cangalhas", poderemos recorrer a esse filme para extrair a respectiva imagem pois agora já não há cangalhas ou... pelo menos eu não as tenho visto.
Atenção: para quem não sabe o que são as nossas cangalhas... elas não têm nada a ver com o que normalmente se entende por cangalheiros!
As nossas cangalhas colocavam-se por cima das albardas dos burros e serviam para nelas se colocarem feixes de "ferrem", de lenha ou de outras coisas para serem transportadas pelos ditos burros ou burras
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As nossas cangalhas colocavam-se por cima das albardas dos burros e serviam para nelas se colocarem feixes de "ferrem", de lenha ou de outras coisas para serem transportadas pelos ditos burros ou burras
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