26 junho, 2005

 

2.Os Forcalhos entre 1678 e 1696

Guardam-se na Torre do Tombo, em Lisboa, os 2 livros mais antigos dos registos paroquiais dos Forcalhos. O primeiro livro, muito deteriorado e incompleto, contém registos de baptimos que vão de Junho de 1678 a Setembro de 1691: cerca de 18 anos seguidos.




Folha do 1º livro e capa do 2º livro dos registos paroquiais dos Forcalhos, na Torre do Tombo.







No século passado, até ao surto emigratório, a maioria dos casamentos eram endogâmicos. Com algumas e raras excepções, as pessoas nasciam, casavam e morriam nos Forcalhos. Os casamentos processavam-se, essencialmente, entre naturais da povoação.

Entre 1678 e 1696, porém, não foi isso que aconteceu. Nestes 18 anos, pelas nossas contas, conhecemos o nome de 74 das 76 crianças baptizadas e nascidas de 36 casais diferentes. O espantoso é que apenas 2 destes 36 casais são integralmente constituídos por pessoas naturais dos Forcalhos. Os restantes casais são constituídos por um cônjuge natural dos Forcalhos e por outro cônjuge vindo de fora, ou são, mesmo, constituídos por 2 cônjuges naturais de terras estranhas e até bastante afastadas em alguns casos.
Também pelos casamentos se apura que veio muita gente de fora.

Como se explica este fenómeno?
Parece-nos que a explicação se encontra na Guerra da Restauração que se iniciou com a revolta do 1º de Dezembro de 1640 e se prolongou até 1668 ano em que se assinou o tratado de paz.
A nossa região foi muito afectada. Aqui se encontrava um ponto estratégico de capital importância para defesa do país: Almeida. Mais perto de nós, outros dois pontos com certo relevo: O castelo de Albergaria, do inimigo, situado muito perto de nós, e o castelo de Alfaiates, mais distante, de onde poderíamos esperar um problemático auxílio.
Mal a guerra começou, logo em 1642, o inimigo do castelo de Albergaria assaltou os Forcalhos por duas vezes, saqueou, queimou, prendeu gente. Compreende-se, que nestas circunstancias, sendo a nossa uma aldeia aberta, indefesa, á mercê do inimigo muito próximo, pelo menos grande parte dos habitantes decidisse deslocar-se para zonas mais seguras.
É significativo o que se pode apurar nas entrelinhas de alguns assentos, do género: "... que no tempo da guerra foi morar a S. Miguel de Acha".

Os Forcalhos devem ter passado, então, por um forte declínio e despovoamento, de tal forma que a igreja matriz teve de ser reconstruída, depois da guerra, à custa do bispo de Lamego e a ermida de Nossa Senhora da Consolação, encostada à fronteira e importante centro de romarias também teve de ser objecto de grandes obras de restauro.

Mais desenvolvimentos no próximo jornal "Notícias dos Forcalhos" a distribuir em Agosto.

CHGJ

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